O problema dos transtornos depressivos, assinalado pelo código de Classificação Internacional de Doenças – CID 10 – como transtorno do humor, é bem mais comum do que se possa imaginar, acometendo sutilmente uma parcela considerável da população que não se dá conta da instalação da doença, que interpretam como estados de melancolia, baixa auto-estima, falta de motivação para a vida. Claro que todos estes sintomas podem ocorrer eventual e passageiramente na vida de todos nós, sem que com isso caracterizemos uma depressão estruturada. Contudo, quando eles permanecem por longos períodos, modificando os padrões normais de vida das pessoas, é porque esta sintomatologia evoluiu para um quadro depressivo instalado.
Mesmo assim, muitas pessoas continuam a viver através de um esforço hercúleo de superar o desânimo que as afeta, apelando para estratégias paliativas como técnicas de auto-ajuda que, se melhoram os sintomas, não erradicam as causas. Cedo ou tarde elas voltarão a aparecer, quando não comportamentalmente, em sintomas no corpo físico nos processos de somatização. Mas, na maioria desses casos, dificilmente a pessoa está exposta a riscos de vida, apesar do comprometimento na sua qualidade.
Entretanto, existe um tipo de depressão, não classificada regularmente nos compêndios de saúde mental, que têm levado pessoas ao óbito, quando não tratadas no tempo devido. E não ao óbito pelo suicídio direto, mas por um suicídio indireto onde a pessoa opta por não querer mais viver. Refiro-me aqui às depressões profundas, que avançam para além das causas emocionais para atingirem níveis energéticos, promovendo um esvaziamento das forças vitais até a morte do indivíduo.
É difícil estabelecer referenciais diagnósticos para aferição da profundidade e gravidade do quadro depressivo, o que me parece estar mais sujeito à experiência e intuição do terapeuta. Ao longo de minha atividade profissional tenho tido a oportunidade de verificar situações dessa natureza, com o falecimento daqueles que, por não acreditarem nos resultados possíveis de uma psicoterapia, preferiram os recursos paliativos ou unilaterais. A gravidade dessa doença exige uma abordagem transpessoal e multidisciplinar, para que um resultado positivo seja alcançado.
Nosso referencial de ser humano, do ponto de vista de uma Psicanálise Transpessoal, envolve aspectos físicos, psíquicos, sociais, energéticos e espirituais, que precisam ser trabalhados conjuntamente em patologias dessa gravidade.
No caso das depressões profundas, além do distúrbio emocional que sempre é gerador do processo, existe um transbordamento das pulsões inconscientes conflituosas para o corpo físico e para as estruturas energéticas. Com isso, o padrão de ondas mentais desse indivíduo passa a vibrar em níveis muito baixos, deletérios, criando uma psicosfera mórbida ao seu redor. A sintonia mental que faz com que semelhante atraia semelhante rege, então, o envolvimento dessa pessoa com outras ondas mentais que lhe são semelhantes. Tal influência pode ocorrer de outras pessoas próximas, de individualidades no período intervidas (espíritos fora do corpo físico) ou por ondas mentais que transitam livremente na psicosfera planetária, como ondas de rádio esperando um aparelho receptor; no caso uma mente depressiva. Nessas condições a enfermidade fica potencializada pelos agentes externos que se afinam com as motivações doentias internas.
Por isso, o diagnóstico desse tipo de depressão não é fácil de ser realizado, já que envolve uma percepção mais larga da individualidade humana que nem todos os profissionais da área de saúde mental adotam.
Nestes casos, a abordagem terapêutica exige a participação medicamentosa prescrita por médico psiquiatra, um processo psicoterapêutico transpessoal bem conduzido, o uso de tratamentos complementares que foquem as estruturas energéticas, como os florais, a homeopatia, o Reiki, a fluidoterapia, entre outros. Mas também, sem deixar de ser científico nas minhas colocações, o desenvolvimento de uma religiosidade que eleve o padrão mental do enfermo, estreitando nele os laços com o Poder Criador da vida, higienizando a sua psicosfera mental, através da compreensão de quem ele é e dos objetivos fundamentais de sua existência, para que construa um ambiente de harmonia e esperança ao seu redor.
Claro que, como dissemos acima, tais procedimentos não podem estar restritos a uma única ação terapêutica, exigindo que se busque na multidisciplinaridade os caminhos facilitadores para o seu alcance.
Vale ressaltar que, como tenho tido a oportunidade de verificar com pesar, a falta de cuidados e comprometimento com o tratamento das depressões profundas, por parte de pessoas inadvertidas, ainda continua a conduzi-las para dolorosos desfechos.